3 de maio de 2013

Horizonte


Porto seguro - 2013

Percorro com o olhar, lá longe, a linha  do horizonte campestre salpicado de pequenas manchas brancas, uma ou outra árvore de grande porte  quebram a sequência da linha.
À esquerda uma linha ondulada  delimita a serra. À direita a cidade com edifícios  altos e pinheiros centenários.
Um nadinha mais próximo, os pinheiros da Escandinávia balançam e já crescem na obliqua. Olho para um lado e para o outro e verifico que as manchas de verde mudam de tom consoante as plantações das fazendas.
Mais perto de mim ainda, os pássaros passam com velocidade, o vento dá uma ajuda, outros debicam na terra lavrada. Curiosamente o peneireiro que mora por perto há uns anos mantém-se parado no ar com as asas abertas  embalado pelo vento. Parece gostar. Dá umas asadas e volta à mesma posição. Eu invejo-o.
Mais perto ainda, vejo as margaridas e a alfazema a balançar freneticamente, assim como as árvores de fruto ainda juvenis. O vento sopra com rajadas fortes, as margaridas e as árvores  muito flexíveis quase tocam a terra.
Bem mais próximo vejo as folhas a correr no empedrado dum lado para o outro. O vento está como a maioria de nós, sem saber que caminho seguir.
Ainda mais perto, dentro de casa, sinto nas mãos o vento frio que entra pelas frestas da janela, que apesar dos vidros duplos não são completamente estanques. No rosto sinto o calor do Sol que está prestes a deixar-nos e a desaparecer na linha do horizonte . Olho o Sol, e, entre mim e o vidro está uma melga indesejada, dou-lhe uma murraça, cai no parapeito, mas não morreu.Tento de novo… agora sim, morreu!  
Entretanto o Sol baixou mais um bocado. As sombras são compridas e já sinto o rosto a arrefecer. Arrepio-me.
Abraças-me, fecho os olhos,  só o teu abraço carinhoso me aquece e substitui o Sol que desapareceu neste fechar e abrir de olhos. O frio amainou.

Ana Ferreira
25 Abril  2013

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei de ler.
Beijinho

anA disse...

obrigada.