17 de novembro de 2007

Auto-Retrato

Trabalho exposto na Casa Bocage em 2004, no âmbito da abertura das comemorações do Ano Bocage 2005

Titulo - Uma Deidade
Técnica mista sobre madeira
140x100 cm

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Auto-retrato

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão n’altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo de níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;

Eis Bocage, em que luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento

Bocage
anA marques, anApintura, Centro de Estudos Bocageanos o seu presidente Daniel Pires,blog anA marques

2 comentários:

AGRY disse...

Vulgarmente conhecido como poeta marginal, irreverente e muito dado a paixões.
A obsessão paralelizada de Camões esteve sempre presente em Bocage.
Reivindica uma liberdade de pensar, gozar e amar estabelecendo como limites a sua própria consciência racional e moral.
Agry

anA disse...

«Magro, de olhos azuis, carão moreno», assim se auto-retratou como poeta. Bocage fez dos sonetos o género poético favorito e da solidão, do sofrimento, do amor-ciúme, do belo-horrível, da morte os temas de eleição.
Depois de ter lido, Bocage- O Perfil Perdido de Adelto Gonçalves, - para fazer os trabalhos para a exposição na Casa Bocage em 2004-,mudei a opinião que tinha, até então, sobre Bocage.
anA