26 de março de 2008

Nascemos Para Amar

acrilico sobre tela - 30x12cm - ano 2003

Evitei o quanto pude, mas não posso mais. Preciso falar sobre o amor. Só agora me sinto confortável para poder escrever sobre esse assunto. Não tenho mais noção de nada, ridiculamente fora do alcance de qualquer aviso. Já não me importa a opinião alheia, quem quiser que me condene por ser feliz. Não a felicidade previsível e segura que não conta com riscos, quero a minha sentença baseada na felicidade irresponsável, inacreditável, além do entendimento. Amar e ser o melhor que jamais se sonhou. Ser feliz e fazer feliz, estar tão irremediavelmente bem, que ninguém necessita perguntar para saber. Tornar a minha companhia, insuportavelmente agradável e alegre, me desculpe quem por algum motivo obscuro se incomodar com isso. Há como escrever sobre o amor sem ser brega, mas não há como estar amando e escrever sobre o amor sem se arriscar a parecer absurdo, exagerado. É como diz Fernando Pessoa em seu poema...
.Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
.Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
.As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
.Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
.Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
.A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
.(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.).
Álvaro de Campos, 21-10-1935
.
.O amor, o impossível e inverossímil, tem que tornar o casal melhor, fazê-lo perder o medo, a vergonha, ser superlativo e retumbante, ecoar e ricochetar em cada fato e instante. Quebrar todas as amarras, certezas, verdades absolutas, doer quando machucar e fazer até a alma gozar quando amar. Cristalizar sonhos, materializar ilusões, percorrer imensidões, duvidar do limite. Cantar e dançar alucinado no dia e na noite. Acordado ou dormindo. Oferecer liberdade. Só com a poesia ou com a loucura é possível traduzir o amor, eu estou munido de ambos. E amando.

Roubei este texto ao E-Agora-Jose.blogspot.com

Nós cá temos um provébio que diz: " Não há bem que sempre dure, nem mal nunca acabe".

16 de março de 2008

Eu só queria ter

Acrilico sobre tela - 50x80cm - Ano 2008


Só queria ter
Um céu sempre azul
E à noite estrelas a brilhar,
E saber o homem livre
Como o sopro do vento.

Só queria ter pão,
Uma casa simples
Com àrvores em redor
E aves a cantar,
E claro o meu amor
Para beijar.


José Infante