26 de outubro de 2009

Baá de Dili- Timor Leste

Baía de Dili - Acrílico sobre tela -Dili,2005

Poema Triste de Fitun Fuik

Por que calcas meu solo?
Por que matas minha gente?

Meus verdes alcantilados,
minhas azuis montanhas
querem a paz,
a paz que todos queremos.

Minha aldeia sossegada beija os aromas puros das minhas humildes montanhas que
querem a paz, para no silêncio e na paz construir a paz.

Porque tu,
com tanto progresso técnico,
tens inveja daquiloque eu não tenho,
não possuo,
mas quero ser.

Ser como o Senhor me fez,
nascer com a paz,
viver na paz
e dormir sonhando a paz! ...

Quem acredita que eles não matam,
não assassinam!

Quem crê que eles querem construir na guerra,
com o cano das suas armas,
a minha aldeia.

Minha natureza contempla,
em silêncio, suas obras.
As cascatas das águas nascentes
das minhas montanhas levam os males
que eles cometeram,
para assim dar ao mundo,
aos fortes,a honra e a glória!

Eu, no meu silêncio, choro
para que meus choros não ultrajem
a honra dos grandes.
Falo sem nada dizer
para que meus vizinhos me não gritem.

Acredito que a Paz existe para mim,
morrendo! ...

......................................Fitun Fuik

17 de outubro de 2009

Baía de Dili -Timor Leste

Acrílico sobre tela - Dili 2006

O assunto Timor é uma constante no meu pensamento, por motivos vários.

Deixo-me levar pela imaginação e sinto-me a tomar banho nas águas calmas e mornas da Baía de Dili, na praia da Areia Branca, do Cristo Rei ou de Comoro.

Tomar uma refeição num restaurante para os lados da Pertamina, numa plataforma em madeira sobre o areal.

Ver e ouvir as crianças felizes a brincar na praia utilizando pequenos jericans como bóias. Dar e receber sorrisos.

Correr atrás dum porco que levou o meu saco da praia para o mato, a minha preocupação era a máquina fotográfica , o interesse dele eram as bolachas. Recuperei o saco e a máquina fotográfica.

Timor, foi isto e muito mais .

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4 de outubro de 2009

O meu brinquedo preferido

Um brinquedo preferido - Técnica mista sobre cartão - ano 2003
(Trabalho académico)

4 estudos



O Brinquedo Preferido
De há uns tempos para cá apareceu uma moda naquela terra que “impede”as pessoas de falarem em brincar nas escolas da terra, é proibido brincar nas escolas. A moda foi fabricada por uma gente ignorante de miúdos, obcecada com trabalho e produtividade, mesmo infantil, uns infelizes neo-liberais. Mas ainda existem uns professores, muitos, naquela terra que não se deixam enganar, sabem ler os miúdos e percebem que eles aprendem porque também brincam e brincam porque também aprendem. Aliás, brincar e aprender são as coisas mais sérias que os miúdos fazem, sorte a deles, a de alguns, felizmente muitos.Um dia, um desses professores lembrou-se, que sacrilégio, de dizer aos seus alunos para trazerem para a escola o seu brinquedo preferido. A Maria trouxe uma boneca. O João apareceu com a playstation nova. A Sara vinha vaidosa com umas bonecas que o pai tinha trazido do estrangeiro. A Irina trazia o Noddy. O Carlos vinha com uns olhos quase tão grandes como a bola de futebol que trazia debaixo do braço. O David, sempre pronto para as lutas, trazia uns bonecos lutadores de wrestling. A Joana não ligava a ninguém com o seu mp3 cheio das músicas de que gosta. Enfim, por um dia, toda gente veio para a escola com um brinquedo, o seu preferido. O último a chegar foi o Manel.Feliz e sorridente entrou na sala de aula com o avô pela mão.
Texto de Zé Morgado